Impacto Fêmoro-Acetabular

A síndrome do impacto femoro-acetabular (FAI) refere-se a uma condição mecânica em sua origem, na qual acontece o impacto repetitivo entre a borda acetabular e a transição cabeça-colo do fêmur, que acaba causando dor e levando a diferentes graus de limitação na flexão, rotação interna e abdução do quadril.
Esta condição é decorrente de anormalidades anatômicas, sejam elas desenvolturais ou adquiridas, que acometem o acetábulo, o fêmur proximal ou ambas estruturas. Em sua evolução causam alterações degenerativas na articulação, mesmo em pacientes jovens, devida ao acometimento da cartilagem articular e do labrum fibrocartilaginoso.
Trata-se claramente de uma patologia pouco diagnosticada no passado recente, tornando-se de maior conhecimento dos ortopedistas apartir de estudos que iniciaram em 2001.

TIPOS DE IMPACTOS

A= TIPO PINCER
A sua causa é um excesso de cobertura acetabular, geralmente mais na borda anterior, a qual estará associada a uma cobertura posterior insuficiente(retroversão acetabular verdadeira), ou suficiente(retroversão aparente). Pode ocorrer o excesso de cobertura circunferencial, o que ocorre nos casos de coxa profunda ou protrusão acetabular. Esta alteração estrutural levará mais freqüentemente a lesão do labrum e da faixa mais periférica da cartilagem acetabular, proporcionando um quadro mais arrastado de evolução das alterações degenerativas do quadril.

B= TIPO CAME
Este resulta do contato repetitivo entre uma transição do colo-cabeça femoral (com forma convexa), contra o acetábulo. Isto leva a degeneração da cartilagem articular pela força de cisalhamento transmitida para a porção antero-lateral do acetábulo. A deformidade em cabo de pistola, freqüente neste tipo de impacto, onde há redução do offset entre a cabeça e a transição lateral do colo femural, está presente em 6% dos homens e 2% das mulheres, com 50% de bilateralidade. A deformidade femoral no impacto tipo came pode ser secundária a algumas patologias da região proximal do fêmur como a epifisiolistese, Legg-calvé-Perthes, osteonecrose, seqüela de fraturas e coxa vara.

C= TIPO MISTO
Trata-se da associação dos dois tipos anteriores, representando mais da metade dos casos de impacto.

DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO

O Rx permanece sendo a melhor forma de avaliação inicial nos casos suspeitos de FAI. Serão realizadas incidências especiais que poderão já esclarecer pontos importantes como a causa da patologia(quadril tipo Came, Pincer ou Misto) e se já há osteoartrose presente. A Ressonância Magnética (ou a Artroressonância) poderá ser solicitada em casos onde o Rx foi normal, ou para qualificar a investigação da patologia na busca de lesões de labrum, cartilagem,cistos de herniação sinoviais…
A Tomografia embora pouco utilizada pois mostra achados mais tardios da patologia, também pode esclarecer a versão acetabular.

TRATAMENTO

CONSERVADOR
Este deverá ser o primeiro passo na maioria dos paciente. Ele será orientado a evitar sobrecarga de peso ou exercício, evitando também esportes de impacto ou que lhe exijam muita flexão ou abertura no quadril. A fisioterapia, mesmo que só para manutenção de mobilidade articular, tem poucos benefício e pode levar a piora clínica. Este paciente será reavaliado periodicamente, e poderá usar medicação ocasionalmente.

CIRÚRGICO
Alguns pacientes permanecerão sintomáticos e necessitarão ir à cirurgia seja para melhorar a amplitude de movimento (retirando as estruturas que estejam causando o impacto entre o acetábulo e a parte proximal do fêmur), ou para corrigir lesões do labrum ou de cartilagem que possam ter surgido na evolução do caso. Este procedimento inicialmente foi feito de maneira aberta, através da luxação cirúrgica do quadril, a qual permite ampla visualização da patolologia a ser corrigida. Nos últimos anos a videoartroscopia tem se mostrado um procedimento cada vez mais efetivo na resolução desta patologia, podendo trazer bons resultados com menor agressividade e uma reabilitação mais rápida. Deve-s e lembrar que a videoartroscopia de quadril é um procedimento altamente especializado e que exige uma longa curva de aprendizado.

PROGNOSTICO

Embora a evolução desta doença ainda apresente alguns pontos incertos,entende-se que quando há algum fator mecânico que possa vir a danificar a articulação e este não é abordado e resolvido, o futuro desta junta deverá ser o surgimento de artrose(degeneração) em uma idade mais precoce do que o esperado.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO

Os sintomas geralmente acometem pacientes entre a terceira e quarta década. A queixa é dor inguinal irradiada para a face antero-medial da coxa, embora as vezes possa surgir como uma dor em “C”, indo da virilha para a zona glútea profunda. Tal sintoma pode confundir o diagnóstico com as pubialgias e lesões da musculatura adutora.Sabe-se que associação entre bursites trocanterianas, lesões dos músculos adutores, lombociatalgias, doenças miofasciais e Impacto Femuro Acetabular é muito comum. Inicialmente a dor aparece somente após atividades esportivas. O paciente pode sentir dificuldade em alguns movimento com flexão ou abdução da coxa, ou para cruzar as pernas. Com a evolução sentirá dor nas atividades diárias, podendo alterar a sua marcha. O exame físico é realizado com o paciente deitado, quando se fará uma flexão de 90 graus e após uma rotação interna neste quadril; também serão observados diferentes graus de perda da mobilidade articular e estalidos na articulação.
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