Artrose de Joelho

A gonartrose é uma patologia de alta prevalência, e vez por outra faz com que cada consulta se torne um grande desafio, principalmente no caso de não haver uma indicação cirúrgica, pois nesta situação a orientação para o paciente deve ser ainda mais consistente. Ninguém duvida que uma grande alteração da cartilagem articular, com diminuição dos espaços articulares e o aparecimento dos osteófitos, entre outros aspectos, deve levar o paciente a uma cirurgia de artroplastia, pois o dano articular é tão intenso que fica inviável resolvemos as queixas clínicas somente com medicamentos. Mas existem casos não tão severos em que o manejo clínico será o caminho, ao menos em um primeiro momento.

O que pode gerar controvérsia algumas vezes, é a definição de conceitos quando se fala em degeneração articular. Os Reumatologistas e clínicos tendem a considerar mais os casos como artrite, mesmo porque tratam de pacientes com doença inflamatória com alto poder de destruição da cartilagem articular, como a artrite reumatóide, por exemplo. Os Ortopedistas tendem a considerar as degenerações articulares, na maior parte das vezes, como quadros de artrose, pois em diversas circunstâncias o desgaste articular é conseqüente à outra lesão anatômica. O joelho e o quadril são dois exemplos disso.[

 

EPIDEMIOLOGIA

A artrose é uma patologia extremamente prevalente na população, ainda mais em alguns países onde as taxas de obesidade e sobrepeso vêm crescendo, como no caso dos Estados Unidos. Dados americanos revelam que ao redor de 40 milhões de pessoas naquele país sofrem de quadros de artrose, principalmente no joelho e quadril. Dados sobre cirurgias contam nãos mais de 500.000 procedimentos realizados ao ano, o que nos faz crer que a maioria dos pacientes vai ter que se valer de tratamentos não cirúrgicos para o controle da dor.

Existem três tipos básicos de artrite que podem afetar o joelho e evoluir em artrose.

1 – OSTEOARTRITE
Trata-se da forma mais comum, sendo geralmente uma degeneração lenta e progressiva em que ocorre um “desgaste” evolutivo da cartilagem articular do joelho. Na maioria das vezes afeta pessoas de meia idade ou mais velhas.

2 – ARTRITE REMATÓIDE
É um tipo de artrite inflamatória que irá destruir a cartilagem articular, geralmente afetando os dois joelhos e podendo ocorrer em qualquer idade.

3 – ARTRITE PÓS TRAUMÁTICA
Desenvolve-se após alguma lesão no joelho (fraturas, lesão meniscal ou ligamentar), tendo uma evolução similar a da osteoartrite pura.

 


TRATAMENTO CONSERVADOR

As medidas conservadoras são a primeira opção na grande maioria dos casos, havendo uma gama de possibilidades, as quais devem ser utilizadas em conjunto, com a orientação do seu médico.

A – MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA – Pode incluir a perda de peso, redução dos períodos em pé, uso de calcado apropriado e o direcionamento para alguma atividade física.

B – EXERCÍCIOS – A primeira intenção deve ser de manter uma boa amplitude de movimento articular, seja através da fisioterapia ou de exercícios de alongamento orientados. Geralmente a bicicleta é bem aceita e traz bom condicionamento aeróbico e muscular, assim como a hidroginástica. Em alguns casos a musculação (com certos cuidados) pode ser indicada e trará bons resultados.

C – DISPOSITIVOS DE CARGAS – Alguns estabilizadores (imobilizadores não restritos) podem trazer certa estabilidade e então conforto ao paciente; calçados apropriados (leves e macios) podem reduzir o impacto articular; uso de bengala pode melhorar o apoio, assim como prevenir quedas com conseqüências as vezes desastrosas em pacientes com afecções severas ou de idade elevada.

D – MEDICAÇÃO – Vários tipos de drogas podem ser usadas, sabendo que cada paciente poderá responder de forma diferente ao uso das diferentes medicações. Seu Ortopedista irá desenvolver um programa para a sua condição específica. Os analgésicos e antiinflamatórios geralmente são a primeira linha, mas deve ser criteriosamente usados devido aos seus efeitos colaterais no longo prazo (cardíaco, renais, sangüíneos…). Hoje dispomos de antiinflamatórios mais seletivos e seguros, mas como poderão ter de ser usado no longo prazo, deve ser acompanhado pelo seu médico.

A utilização dos condroprotetores (Glicosamina, Condroítina e Diacereína) também já faz parte da rotina. Embora não possam trazer regressão na doença estabelecida, podem aliviar a dor e o inchaço, assim como melhorar a mobilidade articular. Estes medicamentos tentam agir na estrutura articular(cartilagínea), tornando-a “mais resistentes” por um período maior.

Os corticóides podem ser utilizados por via oral, desde que em baixas doses e por períodos curtos de tempo. Já a sua infiltração intraarticular tem indicação ainda mais restrita, pois embora em casos selecionados possam ter boa ajuda, a sua repetição poderá levar a maior dano cartilagineo articular.

As infiltrações conhecidas como viscosuplementação, pode ser uma medida já mais duradoura e com resultado mais satisfatório, embora ainda não resolutivo.

 


TRATAMENTO CIRÚRGICO

As possibilidades de cirurgias serão avaliadas e indicadas pelo seu médico, de acordo com a observação de vários fatores como sua idade, grau da artrose, limitações funcionais na articulação e o quanto obtiveram de resposta ao tratamento conservador.

1 – VÍDEOARTROSCOPIA

Relatada como maneira de fazer um toalete (limpeza) cirúrgico na articulação tem intenção de retificar pequenas lesões ou retirar fragmentos de cartilagem ou menisco soltos. Tratando-se de um procedimento algumas vezes com pouca efetividade, devendo ser indicado sem falsas ilusões.

2 – OSTEOTOMIA

Seria a realização de cortes ósseos no fêmur ou na tíbia na tentativa de melhorar o alinhamento articular, equilibrando a descarga de peso na superfície articular. Quando realizado sob critérios bem rigorosos, poderá trazer bom resultado por médio ou longo prazo.

3 – ENXERTOS DE CARTILAGEM

Realizado em centros de pesquisa, ainda não têm resultados conhecidos e testado pela maioria dos Ortopedistas.

4 – ARTROPLASTIA PARCIAL DE JOELHO

Dita unicompartimental, fazem a substituição de um dos compartimentos articulares (lateral ou medial), isoladamente. Vem apresentando melhor conhecimento dos resultados com a sua maior utilização por parte dos Ortopedistas nos últimos anos. Ainda necessita maior conhecimento e aprovação, mas deve ser vista de maneira positiva, desde que usada em casos bem selecionados.

5 – ARTROPLASTIA TOTAL JOELHO

Forma resolutiva de resolver quadros avançados de artrose de joelho, realiza a substituição da superfície articular completa do joelho. Devido a contínua evolução nos materiais utilizados, nas técnicas cirúrgicas e na reabilitação pós operatória, cada vez se consagra mais como forma efetiva de resolver a osteoartrose de joelho, quando houver indicação.

SINTOMAS

Embora a dor possa ter início súbito, geralmente desenvolve-se de maneira lenta e gradual. A articulação torna-se mais rígida, edemaciada, ficando cada vez mais difícil de dobrá-la ou estendê-la completamente. A dor e o edema são piores pela manhã ou após em períodos de inatividade, devendo aumentar após atividades como caminhar, subir escadas ou ajoelhar-se. Um fator que pode piorar a dor são as mudanças climáticas. Outro sintoma presente as vezes é a sensação de fraqueza, insegurança ou perda o equilíbrio da articulação do joelho.

EXAME FÍSICO

O médico irá observar um joelho às vezes deformado (mal alinhado), que dificulta ou altera a deambulação (marcha) do paciente. Outro achado será uma articulação com uma amplitude do movimento reduzido e com graus diversos de edema(inchaço). Os sinais presentes serão então a dor, o inchaço, a instabilidade, a deformidade e a rigidez na articulação, em graus variados.

EXAME DE IMAGEM

O Rx é o primeiro exame a ser realizado, pois além do diagnóstico fará a graduação da patologia; poderá demonstrar sinais bem iniciais como pequenos osteofitos, e graus variados de pinçamento articular(fechamento da articulacao); nos graus mais avançados alem do pincamento poderá haver uma subluxacao articular ou ate uma destruição óssea justa articular. A Ressonância Magnética poderá ser utilizada para esclarecer diagnósticos em fases iniciais da doença ou a presença de lesões associadas. Algumas vezes os exames de sangue também podem ser importantes, principalmente na artrite reumatóide. A Tomografia Computadorizada é de pouca utilidade.

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